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  • Foto do escritorEsther De Souza Alferino

A não-maternidade.

Eu fiz uma escolha que diz respeito só a mim e mais ninguém. Mas em uma sociedade que ainda acredita em instinto materno, é bom reafirmar que não nascemos pra ser mães, que deve ser uma escolha. E eu não quero ser mãe, não quero gerar uma vida, não quero pra mim as dores e as delícias que a maternidade traz. A parte isso, amo crianças, amo o cuidado, troco fralda cagada sem um pingo de nojo, dou banho, faço dormir. Minha família é grande, se reproduz muito e isso é parte da minha vida, desde que eu também era criança. Eu respeito tão profundamente as crianças que acredito que elas só devem vir onde são desejadas, como o Vitor foi desejado. O Vitor nasceu, e eu nasci com ele, como tia, e é a melhor coisa do mundo. Eu espero sinceramente poder contribuir positivamente pra criação dele, mas isso compete aos pais. Nossos dias juntos são importantes pra fortalecer nossos laços e pra dar à minha irmã e meu cunhado um tempo enquanto indivíduos, enquanto casal. A maternidade/paternidade não deveria ser uma prisão. Mas eu canso, eu quero dormir, eu não tenho toda essa energia pra acompanhar o ritmo de um bebê de 1 ano, que precisa ser vigiado a cada segundo. A responsabilidade de fato não é minha. Por isso, pra mim, ser tia é o melhor do melhor dos mundos. Eu não quero gerar vida, não tenho nenhuma necessidade de deixar meus genes e meu sobrenome pra posteridade. Escolha pessoal e intransferível. Não sou árvore seca, não sou amargurada, não sou mulher pela metade, não desconheço o amor de verdade, tampouco estou preocupada com quem vai cuidar de mim na velhice, porque filho não deveria ser plano de previdência. Me sinto completa, inteira e sinto um amor sem explicação por esse serzinho, que é capaz de despertar o melhor de mim. Titia te ama, Vitor. Titia não vai te dar priminhos, e ela não vai se desculpar por isso.


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